Por todo o Brasil, escolas estão investindo em disciplinas sobre o uso seguro da internet.
O bullying é um drama da adolescência. O problema em si não é novo, mas o mundo digitalizado em que os adolescentes vivem criou agressões coletivas online.
"Eu não consigo controlar os números de pessoas que estão vendo meu vídeo. E aí chega muita gente, eu fico tipo ansiosa com isso. Não consigo apagar todos os comentários, não consigo nem ler todos os comentários", diz Ash Ildefonso, 18 anos.
O efeito é devastador. "Eu jamais achei que eu poderia sofrer o bullying do jeito que eu sofri. Eu fiquei assustada, porque a gente não sabe como que é. Ali, a minha cabeça se transformou. Então, eu parei de comer, eu parei de me alimentar, eu parei de beber água, eu parei de dormir", diz Letícia Silveira, 16 anos.
Atualmente, não dá para imaginar um futuro próximo em que não se veja mais a cena de adolescentes nas redes sociais. Em uma escola de São Paulo, essa nem é a intenção. Se os alunos querem ser geradores de conteúdo digital, por que não ensinar os meninos e meninas a fazer isso de uma forma mais consciente? Por que não transformar isso em uma disciplina? Uma matéria, para ser dada dentro da sala de aula?
Essa foi a ideia foi do professor Willams Valverde, mas ele não esperava o retorno que teve. "Surpreende, porque a gente não acredita que essas crianças ficam tanto tempo caladas, passando por esses desafios, né? Por esses ataques calado, e aí de repente dentro da eletiva, eles trazem esses depoimentos a ponto de assustar bastante", diz o professor Willams Valverde.
A escola estadual ainda deu a sorte de ter como vizinha uma agência que também trabalha com criação de conteúdo digital. Os sócios se juntaram ao professor e juntos fazem a aula mais concorrida do colégio. Uma espécie de curso para influencer consciente.
"Tá ridicularizando, tá rebaixando a pessoa? Deleta, bora pra próxima. Não tem por que passar pra frente", diz um dos professores.
Mas nem todas as escolas recebem um apoio assim da comunidade. E a ONG Safernet percebeu que capacitar os professores era urgente. Montou, em parceria com o governo do Reino Unido, o projeto que dá treinamento e material didático aos professores.
"A gente quer evitar que a violência aconteça. Então durante essas aulas os professores vão poder levar para os alunos discussões para pensar coisas como 'como eu vejo meu próprio corpo', 'a comparação social', 'como os conteúdos que eu acesso na internet podem afetar minha saúde física, a minha saúde mental'", diz Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet Brasil.
A disciplina de Cidadania Digital já está em 159 escolas de 116 municípios. Os alunos da professora Alyne Castro, de uma escola em Fortaleza, são alguns dos mais de 11 mil atendidos pelo país.
"Hoje a gente vai começar a falar sobre bem-estar na internet. Nessas duas aulas, a gente vai se questionar primeiro: ?quem sou eu na internet?", diz a professora.
Em Fortaleza ou São Paulo, o resultado foi bem parecido. Adolescentes mais preparados para os riscos nas redes e até conscientes sobre a dor que podem causar.
"Tinha pessoas que não tinham conhecimento sobre o cyberbullying e como ele vinha. Então tem muita gente que está aprendendo e que está amadurecendo junto com isso", diz Andressa Vitória de Araujo, 16 anos.
Fonte: portal de notícias G1
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