ESCOLAS INFANTIS DE BH TÊM MENOS UM TERÇO DE ALUNOS MATRICULADOS

Mais de 35% das matrículas em escolas particulares infantis foram canceladas em Belo Horizonte durante a pandemia, segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas (Sinep). As instituições, ainda segundo o sindicato, estão com 50% da receita comprometida com inadimplência.

O engenheiro de automação Felipe Tabare Leite cancelou a matrícula do filho de 4 anos de uma escola particular há três meses. Segundo o pai, a turma do pequeno Gustavo tinha 20 alunos, que têm em média 4 a 5 anos, e todos estavam tendo aula virtual.

"Todos esses alunos foram transferidos para uma mesma sala virtual ao mesmo tempo. Então, eram 20 microfones de crianças abertos com a professora fazendo uma gestão de aula, e obviamente ela não conseguia", conta o pai.

Ele disse que entrou com o pedido de suspensão da matrícula, mas não foi atendido. Com o cancelamento, está conseguindo economizar R$ 1 mil na mensalidade.

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Mônica Batista, a falta de contato entre as crianças, professores e colegas pode ser prejudicial.

"A educação infantil tem um papel muito importante na socialização, na ampliação dos conhecimentos nas diversas áreas e isso ocorre junto com uma condição muito boa das escolas, de equipamentos, profissionais formados com essa finalidade. Perder essa frequência da educação infantil é mais grave do que perder esse período de cinco meses no ensino fundamental e médio", diz a especialista.

Para ela, essa perda no ensino infantil não tem como ser reposta, porque a fase da vida do 0 aos 6 anos é aquela em que mais se aprende, que mais se executa no cérebro o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e a questão da socialização.

A especialista em educação diz que, em Belo Horizonte, mais da metade das matrículas de crianças de 0 a 6 anos está na rede privada. E destaca que, caso ocorra uma migração muito grande para o ensino público, o atendimento pode ficar precário.