DESCONTOS NAS MENSALIDADES ESCOLARES AJUDAM A FREAR INFLAÇÃO

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,23% em agosto, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com forte queda dos preços de educação, o que compensou a pressão da alta dos preços dos combustíveis.

O indicador ? que é considerado uma prévia da inflação oficial do país ? mostrou uma desaceleração em relação ao índice de julho, quando registrou alta de 0,3%.

Apesar do aumento nos preços de itens como gasolina e energia elétrica, a inflação permanece em patamares baixos em meio aos impactos da pandemia de coronavírus, fraca demanda e incertezas sobre o ritmo de recuperação da economia.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,90% e, nos últimos 12 meses, a variação acumulada é de 2,28%, acima dos 2,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas ainda abaixo do piso da meta do governo para o ano. Em agosto de 2019, a taxa foi de 0,08%.

Analistas esperavam elevação de 0,24% em agosto, conforme mediana de 32 projeções de analistas ouvidos pelo Valor Data. O intervalo das projeções variava de 0,05% a 0,37%.

Já o grupo Educação registrou deflação (-3,27%) em agosto e exerceu a maior contribuição (-0,21 ponto percentual) para frear a alta do índice no mês.

Segundo o IBGE, com a suspensão das aulas presenciais, várias instituições de ensino concederam descontos nas mensalidades, o que entrou no cálculo do índice de agosto.

"Com a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia de Covid-19, várias instituições de ensino concederam descontos nos preços das mensalidades, que foram devidamente apropriados no IPCA-15 de agosto, conforme disposto na nota técnica 02/2020. Com isso, os preços dos cursos regulares recuaram 4,01%", informou o IBGE.

A maior queda foi observada na pré-escola (-7,30%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,83%), de educação de jovens e adultos (-4,74%) e de ensino superior (-3,91%).

A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central do governo para o IPCA, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% neste ano.

Segundo o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro estimam uma inflação de 1,71% em 2020.

"O cenário inflacionário segue benigno, reforçando que não será por este fator que veremos pressões para revisão da política monetária no curto e no médio prazo", avaliou Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais.

O menor menor patamar da inflação desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já registrado foi em 1998 (1,65%).

Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% ? mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano.

Para o fim de 2021, a expectativa do mercado subiu de 2,75% para 3% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta dos juros no ano que vem. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

Já para o Produto Interno Bruto (PIB), a projeção dos analistas é de um tombo de 5,46% em 2020.