COM VAGAS SOBRANDO, IES FAZEM PROMOÇÕES PARA ATRAIR ALUNOS

Com um número cada vez maior de vagas e a redução de novas matrículas em cursos presenciais, faculdades se renderam a semana de promoções do comércio.

Se, no passado, o número de alunos era maior do que o de vagas, nos últimos anos, a situação se inverteu. Segundo o último Censo da Educação Superior, das mais de 4 milhões de vagas disponíveis nos primeiros anos de cursos presenciais, menos de 2 milhões foram preenchidas. "Este cenário faz com que as instituições adotem práticas comerciais para atrair estudantes, uma vez que é sabido que a mensalidade é a principal barreira de ingresso ao ensino superior", destaca Lucas Gomes, diretor de ensino superior da plataforma Quero Bolsa.

Muitos cursos tiveram uma forte queda no valor de suas mensalidades. Um exemplo é a redução de quase R$ 1000,00 no curso de Nutrição, em uma universidade localizada em São Paulo. Quem se matricular durante o período vai pagar pouco mais de R$ 400 por mês ao invés de quase R$ 1.400,00.

"São as mensalidades mais baixas dos últimos seis meses oferecidas simultaneamente entre os dias 25 e 29 de novembro. É uma nova realidade no ensino superior brasileiro", explica Lucas.

Segundo dados do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, a oferta de novas vagas não parou de crescer mesmo em um período de queda no ingresso de novos alunos em cursos presenciais. Isso fez com que o percentual de vagas não preenchidas chegasse ao maior nível da década, 55,7%.

No auge dos programas públicos de financiamento (Fies) e bolsas de estudo (Prouni), a ociosidade no sistema era de pouco mais de 40%. Com as restrições à concessão do benefício, a quantidade de vagas não preenchidas subiu rapidamente. A queda na renda das famílias obrigou as próprias instituições de ensino a criar mecanismos para facilitar o pagamento dos seus cursos.